Porque o livro espelharia amor por todos os lados. Porque poderia reler a história vezes sem conta, sem ter que perguntar. Porque iria rir-se de mim, creio ter algum sentido de humor. Porque iria chorar de emoção por tudo o que transportamos em nós. Porque iria compreender-me melhor e isso iria fazê-la crescer. Porque ao me compreender melhor, iria se compreender melhor. Somos feitos da mesma nata. Porque se há alguém que nos deve conhecer bem, são os nossos filhos. Porque os momentos são meros momentos que reflectem o que somos mas não são verdadeiramente o que somos. Porque me esqueço de dizer-te que te amo. Porque me faltam as palavras certas... às vezes. Porque dou por mim a pensar o que sou e a minha filha sabê-lo-ía. Porque esperamos sempre morrer primeiro que os nossos filhos e o "eu livro" iria alimentar a sua mente. Porque seria sempre um livro inacabado que se escreveria com o tempo. Porque iria conseguir ver um futuro que não existe. Porque as palavras escritas não desaparecem, não se esmorecem e não se confundem. Porque saberia que o "eu livro" tinha um bom lugar guardado. Pode nem tudo estar lá mas estarei lá eu. SE EU FOSSE UM LIVRO, SERIA… um livro sobre o amor, sobre a solidariedade, sobre o racismo e sobre os caminhos para a felicidade. Seria sempre um livro sobre pessoas, pessoas cuidadas por pessoas, com histórias para contar. Seria um livro com um fim em aberto, em que cada um daria o desfecho que fazeria mais sentido. Seria um livro positivo, motivacional, com a esperança num futuro promissor. Qual o género de literatura que te prende?A poesia por ser um género literário sem filtro, nua na sua essência. Porque nos faz esquecer o banal e nos ajuda a dar importância ás coisas verdadeiramente importantes. Porque nos ajuda a reflectir sobre a vida. Porque nos leva para outros mundos. Porque contém harmonia e melodia, e todos nós precisamos disso, mesmo que ás vezes não saibamos. A poesia transforma-nos e permite-nos ver para lá do horizonte. A poesia liberta-nos de preconceitos e permite o impossível. A poesia faz-me ver outras realidades de uma forma não tão óbvia. A poesia é uma descoberta constante que me permite pensar. É a abstracção do concreto. É o dizer tudo em poucas palavras. É ir ao fundo e não querer sair de lá. É o mais alto nível da literatura que não está na compreensão de todos os homens. É o oposto do vazio. Nem sempre compreendo as palavras mas dizem-me sempre qualquer coisa. A poesia tenta compreender o Homem através dos seus actos. São sempre especiais as pessoas que escrevem coisas especiais e a poesia é especial. É essa capacidade me fascina e surpreendente. A poesia consegue tornar belo o maior desaire da humanidade. E relativizar tudo, permitindo e equilíbrio. Poesia é pormenor, é imagem com imaginação. E por tudo isto é mágica e me prende! Lembras-te de algum livro que espelhe a tua vida profissional, o teu hobbie preferido e/ou a tua personalidade?Lembro-me do livro "Paula" de Isabel Allende, que reflecte um pouco a minha vida profissional. Digo que nasci para ser Enfermeiro porque gosto muito do que faço: cuidar de pessoas. Este livro relata a história da filha de Isabel Allende, que permaneceu em coma irreversível durante meses. Para além de toda a relação mãe - filha patente no livro, esta história é um retrato fiel do cuidar ao mais íntimo do ser humano, tendo a autora contado a sua história de vida, porque não sabia se a memória da filha voltaria a ser a mesma após saída do coma. É um livro brilhante de um retrato auto-biográfico. É difícil encontrar um livro que espelhe a minha personalidade ou os meus hobbies. O livro " Livre para correr" de Nuno Miguel Nunes define bem, não só o que é o mundo da corrida e o porquê das pessoas correrem, mas muito do que é uma filosofia de vida. O livro relata o que foi as imensas horas de corrida pelas terras altas escocesas, sozinho, apenas com ele próprio e a natureza que o rodeava. É uma experiência de vida que nos ajuda a reflectir sobre o que somos e para onde vamos. Os trilhos que percorro acalentam a mente e o caminho é o mais importante. Sentimo-nos livres para repensar o dia de amanhã porque na verdade nascemos e morremos sozinhos. Gostávamos de saber mais coisas sobre ti, onde podemos encontrar?Podem encontrar junto dos meus amigos, da minha família, da minha segunda casa que é o Hospital de S. João. Podem encontrar na poesia da Casa Bô, nas acções solidárias, na poesia que escrevo. E poderão encontrar um dia no meu " eu livro" antes que morra.
facebook.com/duarte.g.barbosa (mini-entrevista)
SE EU FOSSE UM LIVRO, SERIA… o Nariz, de Gogol. Neste livro um homem depara-se com a fuga do seu próprio nariz, que se torna independente e ganha um misterioso e repentino protagonismo. Não é de todo o meu livro preferido, mas tem algo a ver comigo. Que tipo de leitura te costuma acompanhar nos momentos de relax/ férias?Para as férias levo sempre uma pequena biblioteca, por achar que vou ter imenso tempo, e depois reparo que não tenho tempo nenhum porque há imenso para descansar. Livro digital ou livro de papel? Porquê?Livro de papel, um livro é feito de papel. E é um objecto quase exótico numa era em que lemos cada vez mais coisas em ecrãs. Gostávamos de ler mais coisas sobre ti, onde podemos encontrar?Escrevi um livro há dois anos (Animais em cima da mesa, um trabalho em desconstrução) mas não está ainda publicado. Mas é a coisa mais importante que tenho a dizer.
Sobre mim Neste momento as minhas actividades estão centradas no Yoga sobre o Porto, na organização do ciclo de música Solilóquios, e na gestão de uns apartamentos (Sobre o Porto). Em breve irei retomar a Unha Negra, que reúne fotografias e curtas-metragens. De vez em quando, faço conferências sobre o assunto referido acima. Contactos: www.yogasobreoporto.com www.sobreoporto.com www.soliloquios.org "54th edition - The natural habitat for children´s content"
3-6 de Abril 2017 Foi seguramente uma das melhores experiências dos últimos tempos. Um portal de oportunidades, de comunicação, de arte. A feira é enorme, maior do que eu estava à espera, e durante os 4 dias intensivos de feira, senti que estava sempre a perder qualquer coisa. Deve ser "sede de primeira viagem". Cada stand fosse qual fosse a área ou país, era incrível! Desde os mais comedidos aos completamente show-off. Todos eram novidade. Assim... dos que mais me marcaram posso destacar um stand dos da França que apesar de muito pequeno e sem grande decoração, tinha uma panóplia de kamishibais, "carotes", mas com muita variedade tanto em temas como em idades. Não resisti e comprei 2; um stand dos do Japão, simples e muito muito lindo, como podem ver nas fotos. Sóbrio, harmonioso e equilibrado, como a cultura japonesa nos inspira; e em contraste, um dos stands da Koreia, que era enoooorrrmmmeee, grandes estruturas, luzes, livros e produtos das mais variadíssimas áreas, serviam petiscos feitos no momento, tinham entrevistas de microfones apontados e fotógrafos sempre de "arma em punho" à comitiva palestrante... Fiquei sem saber muito bem o que se passou ali, reduzi-me à minha ignorância e maravilhada, andei perdida pela feira a tentar absorver tudo quanto podia. Por sorte deparei-me com o stand de Budapeste, onde tive a oportunidade de conhecer a ilustradora Takács Mari da Hungria que ilustrou uma nova versão da capuchinho vermelho, "Piroska és a nagy mágus", em kamishibai, claro está! Também fizemos a foto entre muitos sorrisos já que o meu inglês, misturado com francês não estava assim lá essas coisas... O grande foco da feira foi sem dúvida a ilustração. E depois de ouvir a apresentação do novo livro do Oliver Jeffers e do Sam Winston deu uma vontade nostálgica de pegar nos rascunhos de 2004 e pôr esta mão preguiçosa a trabalhar. Por outro lado, também me deu muita vontade de reactivar os motores digitais... Aaaaiiii acho que vim de lá mais confusa que a Alice no pais das Maravilhas! É tenho que ir lá pró ano outra vez, está visto! SE EU FOSSE UM LIVRO SERIA… seria um livro escrito para contar “estórias” de pessoas com “histórias”. Seria um livro para falar de gente; de gente com passado e de gente com futuro; de gente feliz e de gente infeliz; de gente amorosa e de gente raivosa; de gente com esperança e também de gente desesperançada; de gente com sorte mas também de gente sem sorte… Seria um livro em que as “estórias” estariam tecidas por gente leal, viva e inquieta mas sempre generosa a abraçar a vida. |
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